Esquina — Daniel César

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Esquina. Daniel César, 2020.

No resvalar de um bueiro,
manchado por tinta fosca,
as baratas fervilham,
como literatura.
inúmeros tons enegrecidos,
fugindo das luzes,
que amarelas,
se furtam do poste,
que pisca,
sem manutenção.
Na visível indizibilidade
dos pés descalços,
os mesmos,
carcomidos e sujos,
que repetem à espiral.
são discursos,
idas e vindas,
tramas,
batalhas insolventes,
disparates.
E o destino
segue o curso,
rindo,
desbotado,
desta piada,
inoportuna,
do existir,
pilhado,
sem graça.

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